quinta-feira, 30 de abril de 2009

Como era Jesus?

Carta de Públio Lêntulo a Tibério César

Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te.
Há aqui um homem, chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama Profeta e os seus discípulos afirmam ser o filho de Deus. Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo: ressuscita mortos, cura doentes e surpreende toda a Jerusalém.
Belo e de aspecto insinuante, é uma figura tão majestosa que todos os amam irresistivelmente. O rosto moreno, com uma barba espessa dividida ao meio, é de uma beleza incomparável. O olhar é profundo e grave e as pupilas são dois raios de sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante é o mais belo homem que imaginar se pode, muito semelhante a sua mãe, a mais bela figura de mulher que jamais por aqui se viu.
Diz-se que ninguém o viu rir. Algumas vezes o têm visto chorar. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre. Quando repreende, apavora. Quando adverte, chora.
Na conversação é amável com todos. Se Tua majestade, ó César, deseja vê-lo, avisa-me que logo to enviarei. Nunca estuda e sabe todas as ciências. No dizer dos hebreus nunca se ouviram conselhos semelhantes, nem tão sublime doutrina como a que ensina este Cristo. Muitos judeus o têm por divino e crêem nele.
Também muitos o acusam a mim, dizendo, ó César, que ele é contra Tua Majestade porque afirma reis e vassalos serem todos iguais diante de Deus. Ando apoquentado com estes hebreus, que pretendem convencer-me de que ele nos é prejudicial. Os que o conhecem e a ele têm recorrido afirmam que só têm recebido benefícios e saúde.
Estou pronto, ó César, a obedecer-te e cumprirei o que me ordenares. Vale.

Públio Lêntulo

(Desenho da autoria de Frei J. David Nunes, Ordem Franciscana Portuguesa, 1976)

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